domingo, 21 de outubro de 2012

Além do Cidadão Kane (1993)


O documentário Além do Cidadão Kane, traz a comparação, muitas vezes intrínseca, entre o jornalista Roberto Marinho e Charles Foster Kane, no sentido da formação de um império através da grande influência nos meios de comunicação e na política.

De acordo com o Além do Cidadão Kane, entre os períodos de 1964 a 1985, o regime militar ampliou a rede de telecomunicações e facilitou a aquisição de televisores pela população, com o objetivo de monitorar e controlar o conteúdo a ser transmitido pelas mídias. Nessa época, a emissora Globo não só manipulou e censurou conteúdos, mas também exaltou e reforçou o regime imposto. E foi ainda mais além: exercia seu controle à massa, através da forma como sua programação era apresentada, de modo muito mais eficiente, duradouro e incontestável que a imposição da ditadura pelo governo.

O documentário chama atenção especificamente para as novelas como influenciador social. Houve uma época em que 90% da população brasileira assistia a novela das oito. Além disso, elas representaram um propulsor para a consolidação das marcas através da publicidade dentro da trama e durante os comerciais.

Não por mera coincidência, quase 30 anos depois, é o que ainda acontece com algumas novelas da Globo, haja visto o fenômeno Avenida Brasil. No último dia 19, o país paralisou para acompanhar o último capítulo da trama. De acordo com dados da Revista Exame, a novela registrou média de 49 pontos de audiência, o que equivale a 70% dos televisores ligados no país. Além disso, o capítulo final contou com 500 anunciantes. Alguns deles, que exibiram sua marca dentro da trama, pagaram até R$ 1,8 milhão para aparecer.

Veja abaixo, o documentário completo Além do Cidadão Kane:

  
 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O poder da mídia

  

Sempre que pensamos em PODER e MÍDIA fatalmente associamos à políticos/governos que buscam a exposição midiática para legitimação popular de suas ações e, consequentemente manter-se nas instituições que detém o poder político. Sabemos que essas duas palavras têm uma abrangência muito maior do que apenas ao cenário político, ainda mais em mundo capitalista em que o poder de mercado exerce um domínio muito grande.

Contudo, neste post, gostaria de tratar mídia e poder sob o ângulo da política, visto que o personagem principal desse blog - Charles Foster Kane – também se aventurou por esses mares, porém, sem sucesso.

No último dia 7 de outubro, em todas as cidades do País milhões de pessoas foram às urnas para votar e escolher os futuros governantes de seus municípios. De forma prevista pela lei, durante 44 dias, todos os candidatos tiveram um espaço na mídia local para expor suas propostas, seja no rádio ou na TV.

No entanto, não é nesse espaço que o candidato/político exerce a sua influência. O verdadeiro embate político se dá nos bastidores, nos acordos, nas ações estratégicas e nos fatos gerados para que haja destaque por parte da mídia.

A exemplo filme “Cidadão Kane”, em que Charles Kane perde a eleição presidencial dos Estados Unidos devido a descoberta e exposição de um relacionamento extra-conjungal, podemos notar que nas histórias das grandes campanhas eleitorais sempre há um fato – produzido por parte do candidato, ou não – que alavanca a corrida eleitoral ou que a condena ao fracasso.

Devido à sua grande abrangência e sua característica formadora de opinião, a mídia conquistou um espaço detentor de poder, cobiçado por todas as outras instâncias de poder. Não é à toa que os grandes caciques políticos são proprietários de veículos de comunicação ou mantém relações estreitas com os donos.

Pelo fato de não ser declaradamente uma instância de poder, a mídia se desloca através do entretenimento e do jornalismo exercendo sua influência de maneira despercebida. Esse é poder da mídia.

Com o surgimento da internet, podemos dizer que esse poder se pulverizou e que, através do anonimato a sociedade também pôde ter voz e participação nos movimentos sociais. Os blogs, por exemplo, são as melhores plataformas de busca de informação independente, pois sem custo algum, o cidadão pode ter um canal para compartilhar e ter acesso à informações que não passam pelas grandes mídias. É fato que isso não exclui a possibilidade do envolvimento do interesse de outros, porém é uma alternativa. 

O que nos resta é apurar o senso crítico para ter um olhar mais atento à essas correntes que tentam nos levar de lado a outro. Afinal, poder e mídia sempre estarão interligados.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Manipulando a informação por meio da mídia



      O linguísta Noam Chomsky elaborou uma lista de '10 Estratégias da Manipulação Midiática', na qual apresenta os pensamentos elementares de um grande manipulador. Exemplificando a partir do filme 'Cidadao Kane' temos três poderosas personalidades a destacar: R. Hearst, C. Kane, O. Welles. A personalidade de cada um deles se confunde tanto que às vezes é difícil separar biografado do ator e do diretor
      
      O primeiro item da lista de Chomsky é "A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO". Que nos leva a pensar 'Quantas vezes fomos direcionados pela Agenda Setting das grandes agências de notícias ?', 'Quanta informação política relevante é negligenciada em época de jogos da Copa do Mundo ?!'. Aquilo que é relevante passa a não ser, uma vez que não é considerado vendável.

      O quinto item da lista é direcionado principalmente a Publicidade: "DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO SE FOSSEM CRIANÇAS", com linguagem simples e com repetições exaustivas o manipulador consegue atenção do consumidor. Para complementar esse item da lista do nosso linguísta norte-americano, temos no texto do italiano Oliviero Toscani* uma sugestão para a abertura de um processo de Nuremberg da publicidade sob diversas acusações, entre elas contro o "Crime contra a Inteligência", na qual trata exatamente dessa simplificação na linguagem e nas imagens criadas para vender "felicidade" ou qualquer outro produto que a própria publicidade cria como sendo nosso novo objeto de desejo.


*TOSCANI, Oliviero. A publicidade é um cadáver que nos sorri. 2 edição, Rio de Janeiro: Ediouro, 1996. p.28-30.