A
Aurora das Novas Mídias e a Dil uição
do Quarto Poder
A cerca de uma década, uma nova ordem social estabel eceu
a grande pergunta para a imprensa: “O jornal ismo,
tal como o conhecemos, está com dias
contados?”
Para Sidnei Basil e
(2003), um dos jornal istas mais
experimentados da cena nacional , “...não é o aspecto mais promissor”.
Num mundo onde o bem maior oferecido por
esta instituição – a informação – transborda disponível
através de inúmeros outros canais, como as novas mídias digitais, é inevitável refl etir
sobre o papel do jornal ista nessa nova configuração.
Diante do surgimento de novos meios de
distribuição de conteúdo informativo, é possível
que a imprensa deixe de ser rel evante?
O que pode ser considerado jornal ismo
na Era da informação compartil hada?
Impossível
ignorar que os bl ogs e demais mídias
digitais como Twitter e Facebook esvaziaram o monopól io
da distribuição de informação. Mais do que isso, têm como essência a informação
bidirecional , interativa,
instantânea, e compartil hada; pal avra-chave desta segunda década do sécul o XXI que, em al guns
casos, aumenta o al cance de uma
notícia em progressão geométrica. Isso é a rede.
Portanto, a informação aqui circul ante não pode ser negl igenciada
uma vez que hoje também contribui para formação da opinião públ ica ou como quer Lippman, “aquel a opinião feita públ ica”.
De modo que, se já coube ao jornal ismo cl ássico
– aquel e representado pel os veícul os
da imprensa escrita e el etrônica – o
papel de sal vaguardar
a sociedade contra arbitrariedades e abusos de poder, na medida que garantia o
acesso à informação, hoje este papel
parece estar sendo posto em xeque.
O jornal ismo
sofre uma crise de identidade. E se antes a imprensa reivindicava ser o centro
do processo de formação da opinião públ ica,
chegando a ser considerada o quarto
poder, hoje é obrigada a reconhecer-se como mais um dos pl anetas
que orbitam em torno desse sol , ao l ado do entretenimento e das novas mídias.
Uma mudança no equil íbrio
de forças que Sidnei Basil e cl assifica como uma “revol ução
copernicana” no jornal ismo.
No entanto, ao mesmo tempo que é sedutor
pensarmos em uma sociedade onde todos têm a possibil idade
do seu discurso em praça públ ica
onde sentam-se pel o menos seu 500
amigos de Facebook, a desinformação
crônica também é um risco.
Isso porque, se antes a Teoria do
Agendamento (1.970), considerava que o públ ico
l eitor tendia a dar mais importância
aquel es assuntos veicul ados pel a
imprensa, hoje essa equação é forçada a incl uir
a variável : impacto e repercussão de
um tema nas mídias digitais.
E mais do que isso: a possibil idade de agendamento pel as
próprias mídias digitais!
O que, a princípio, não é bom nem ruim mas,
sem dúvida, encerra um aspecto democrático. Um
novo gatekeeping de mão dupl a. No
entanto, o passo crítico aqui está na dependência do que irá merecer a partir
de agora a atenção deste novo públ ico
l eitor pul verizado,
uma vez que os indexadores de conhecimento estão dil uídos.
E parte dos internautas encontrá-se convertida em jornal istas-cidadãos.
É quando o quarto poder reconhece o
surgimento do quinto poder. Tese
apresentada pel a primeira vez por
Carol ina Terra em seu estudo sobre o
usuário-mídia.
Segundo Terra “o establ ishment da mídia não
pode evitar que os usuários-mídia ressignifiquem, satirizem ou endossem
opiniões defendidas por grandes veícul os”,
reverberando ou não a opinião pretendida como públ ica.
Se pensarmos que hoje são apenas oito
visões de mundo que nos são apresentadas – considerando-se que este é o número de grandes
empresas provedoras de notícias ( e todas as demais funcionam como satél ites ), é mais do que necessário que exista um
movimento no sentido de vigiar os vigil antes.
E nesse momento o conjunto da sociedade
quer ser reconhecido como parte da voz que informa e vigia.
No entanto, também é possível considerar que o processo de esvaziamento do jornal ismo começou muito antes da aurora das novas
mídias. Ameaçado não pel a
pervasividade da notícia nas redes, mas pel o
sensacional ismo. Inaugurada em 1920
por dois grandes publ ishers americanos – Hearst, que inspirou o cl ássico Cidadão Kane e Joseph Pul itzer – a imprensa marrom foi uma das grandes
responsáveis pel a distorção da
profissão.
A Era da informação compartil hada não prescinde do jornal ismo.
Mais do que nunca vai precisar do ideário da profissão, que se apóia na l iberdade de expressão.
Silvia Barros
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